Na minha opinião, nossa sociedade ainda contempla o lastimoso hábito de rotular as pessoas, estratificando-as em camadas sociais e separando-as em classes, grupos, elites, etnias, etc. é a partir desta divisão que aparecem os estereótipos e os preconceitos. A palavra preconceito está geralmente relacionado com a ignorância, aqui vista como a ausência de conhecimento acerca de determinado assunto. Invariavelmente se encontra acompanhada da teimosia, que é sua escrava fiel.
Muitos dos conceitos que hoje assumimos como nossos, de nossa autoria ou simples concordância, nos foram na realidade legados através de confortáveis estereótipos transmitidos de geração em geração, muitas vezes sem justificativa plausível que os ampare como legitimas ou verdadeiros.
Nesse sentido, cabe a cada cidadão arguir, duvidar desconfiar, a todo instante, contestar as fórmulas prontas, os rótulos, as receitas acabadas, não apenas com o objetivo de buscar as próprias respostas para tudo, mas principalmente para minimamente reconhecer as “verdades” e as “mentiras” que povoam o cotidiano individual,, até para que a eventual “obediência ao sistema”, decorrente do pacto social anteriormente mencionado, se constitua no resultado de uma opção livre, segura, madura e espontânea.É preciso estar permanentemente preparado para enfrentar o “novo”, aquilo que ainda se desconhece, com o objetivo de melhor se relacionar com o futuro. Para tanto, é fundamental que as pessoas se encontrem desarmadas de idéias preconcebidas, despidas de preconceitos que em nada favorecem esse sempre difícil relacionamento.
Como é bom e confortável tratar com aquilo que já conhecemos, e, via de consequência, dominamos!
Entretanto, o “novo” se impõe a cada instante, Incomoda a quem não está suficientemente preparado para recebê-lo. Destrói aqueles que o rejeitam.
É comum acreditar que o preconceito só existe no “outro”. Apenas o “outro” é preconceituoso, esquecendo-nos de olhar para nós mesmos, ver o quanto de preconceito carregamos junto a nossos valores, até porque a circunstância mais grave dessa problemática é exatamente a de acharmos que nós próprios não possuímos preconceitos.
Infelizmente, o preconceito contra homossexuais começa na própria casa, com pai, mãe, irmãos, irmãs que admitem quase tudo, menos ter homossexuais na família. Na intimidade, tanto quanto em público, o preconceito é claro e inequívoco, expresso geralmente sem o menor constrangimento. Quem já na adolescência sente desejo por pessoas do mesmo sexo é desestimulado a expressar o que sente de verdade. Isso causa sofrimento, amargura e, para muitos, uma vida de mentiras ou na clandestinidade sexual.
É incrível, mas ainda existe, e muito preconceito . O mais importante na luta contra o preconceito é a informação. Quanto mais informação as pessoas tiverem, menos preconceito haverá. Muitas mães têm medo que seus filhos passem a se vestir de mulher. O preconceito está introjetado em todo mundo, inclusive nos próprios homossexuais. As pessoas têm medo do desconhecido. A homossexualidade ainda é algo muito misterioso e por isso impõe medo. Algumas mães têm dificuldade extrema, mas outras têm dificuldade menor. Mães que não aceitam de maneira alguma ainda existem, mas são pouquíssimas; mães que aceitam com tranqüilidade também são poucas. Acho que tudo depende da vivência que a pessoa teve.
Pode-se, neste sentido, concluir que, a atitude de não tornar pública a identidade sexual leva a compreender a não existência de preconceito por parte da sociedade em si, mas, denota a fragilidade dos homosexuais em lidar com o preconceito próprio, que os impede de tornar pública sua opção sexual, como uma forma de prevenir o julgamento social, pois, a partir do momento que estes vêem a se tornar público, a discriminação é um fato evidenciado , visto que a sociedade está engatinhando nesse processo da aceitação de alguns valores considerados tabus, embora vários movimentos estejam lutando para que isso ocorra o mais rápido possível.
Havendo maior conscientização, tanto por parte da sociedade quanto por parte dos homossexuais e das lésbicas, esse sentimento poderia vir a diminuir, visto que haveria maior condição de respeito entre as pessoas.
O fato de muitos não assumirem sua homossexualidade publicamente, devido a questões tanto sociais como particulares, as coloca em uma situação delicada, sofredora, e aponta para a necessidade de busca de apoio profissional para conseguirem superar estes conflitos internos.
Assumir a homossexualidade é, simultaneamente, um risco e um ato de coragem, onde o risco implica em perdas (afetivas, sociais, profissionais) e o ato de coragem implica na capacidade e na vontade de, conscientemente, assumir esse risco.
Existem, realmente, fenômenos de marginalização e exclusão que, muitas vezes, começam na própria pessoa e na família, e que levam os homosexuais a terem receio de assumirem-se, uma vez que, na maior parte dos casos, as perdas nunca compens